Uso de drones revoluciona soluções na agricultura do Brasil
Equipamento é eficiente no controle biológico em lavouras.
Em 2020, o Brasil produziu 255,4 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas. O número coloca o país entre os maiores produtores de alimentos do planeta. Porém, com grandes volumes também vieram problemas e adversidades.
Segundo pesquisa conjunta de cientistas da Universidade da Califórnia de Agricultura e Recursos Naturais (UC ANR) e membros da Sociedade Internacional de Patologia Vegetal, aproximadamente 40% de toda produção de trigo, arroz, milho, soja e batata são perdidos devido a ação de pragas e doenças de plantas.
]As pragas podem atacar plantações, transmitir doenças e reduzir a qualidade das lavouras. São consideradas “pragas” quando os organismos atrapalham o desenvolvimento agrícola, causando prejuízos econômicos. A presença desses seres, principalmente na monocultura, obrigam o produtor a buscar recursos para seu combate, como o uso de defensivos químicos e agentes biológicos.
O controle biológico ganhou espaço na manutenção e extermínio de pragas no Brasil porque reduz o uso de agrotóxicos e utiliza organismos vivos, como insetos, predadores, parasitóides e microrganismos, no combate a agentes patogênicos daninhos.
Drone em canavial (Foto: Sardrones)
O uso de drones para esse controle de pragas cresceu nos últimos anos porque, além de poder ser feito em qualquer cultura que tenha agentes biológicos registrados, o equipamento reduz o desperdício de materiais e encurta o tempo para a dispersão de agentes.
Segundo o engenheiro agrônomo, fundador e diretor geral da Sardrones, Luis Gustavo Silva Scarpari, um drone é capaz de fazer o trabalho de pelo menos oito pessoas em um terço do tempo normal. Além disso, os efeitos de deriva (perdas de quantidade de produto pelo vento) pelo equipamento são menores na comparação ao de aplicação por avião.
“Alguns estudos mostram que a deriva do drone é cinco vezes menor que a do avião, permitindo, portanto, que o drone possa chegar bem mais perto de culturas vizinhas ou áreas restritivas, como reservas, cidades, etc, com menor perda”, explica Silva Scarpari.
O gerente de produção no Grupo Tsuge, Sérgio Vital Gontijo, diz que a decisão pelo uso de drones nos 875 hectares cultivados com abacate e avocado, em Rio Paranaíba (MG), foi decorrente do rendimento, tempo e do acompanhamento por relatórios.
“O rendimento da aplicação é bom, pois antes [a aplicação] era manual e demandava bastante mão de obra. Além de conseguirmos aplicar em grandes áreas, num curto espaço de tempo, podemos acompanhar a atividade como um todo por meio de relatórios", afirma.
De acordo com o gestor da área de qualidade e desenvolvimento agrícola, Antônio José Piedade Rodrigues, nos 15 mil hectares produtoras de cana-de-açúcar, soja, milho, sorgo e gado em Jaboticabal (SP), Delfinópolis, Frutal e Monte Alegre (MG), o drone é utilizado para a dispersão homogênea de cotesias (agentes biológicos), mapeamento de daninhas, levantamentos de falhas, sistematização de novas áreas para os projetos de conservação de solo, NDVIs (índice de vegetação com diferença normalizada, em tradução direta), entre outras funções.
“Não temos mais a preocupação da homogeneidade de distribuição da cotesia, dado que a liberação é feita de maneira programada. Fazemos, hoje, a aplicação de herbicida. Nosso drone faz um mapeamento da localização das plantas daninhas e, com isso, geramos um mapa de aplicação, o que nos gera um maior rendimento operacional e economia de produtos”, pontua Rodrigues.
Além dos benefícios do equipamento, os custos para os serviços são reduzidos e acessíveis. O valor é calculado por hectare percorrido.
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